Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que vi meu pai chorar!
Meu pai sempre machista e durão, que sempre dizia que homem não chorava, me mostrou pela primeira vez gotinhas salgadas brotarem dos seus olhos um choro másculo e silencioso.
Eu tinha apenas 8 ou 9 anos de idade e não sabia exatamente o que estava acontecendo ao meu redor, tava tudo muito tumultuado. Pessoas entravam e saiam da casa da minha avó que era bem em frente a nossa! E por algum motivo que eu não sabia qual meu avô ficava o tempo todo deitado na cama com um tubo imenso e verde ao seu lado!
Mas em meio a tudo isso existe uma cena que me marcou de uma maneira muito especial...
Chamaram eu e minha irmã para irmos até o quarto onde vovô estava e sem entender muito entramos! a partir daí diversas emoções tomaram conta da cena. Parecia um quadro perfeito, onde havia muito movimento mas nenhum som ousava intrometer-se na pintura!
Deixe-me descrever o quadro: No centro há um velhinho magro, dos cabelos brancos e ossos a mostra em cima de uma cama de casal e com uma das mãos acariciam com carinho e pouca destreza a cabeça de duas crianças que não entendem o que está acontecendo, ele tem a boca aberta como se quisesse falar alguma coisa mas dela não sai nenhum som. Do outro lado da cama há um enorme balão de oxigênio que está ligado por tubos transparentes ao nariz do velhinho de olhos gentis e boca entreaberta.

Essa menininha olha para o pai com olhos arregalados e deixa cair o queixo lentamente para não espantar a harmonia dolorosa que esta acontecendo!
O observador poderia muito bem imaginar que a menininha queria incontrolavelmente correr em direção ao pai e dar-lhe um beijo, tentar cessar aquele choro que teimava em ser chorado.
Mas, não. Ela não fez nada disso. O hábil pintor apenas pinta as duas garotinhas saindo pela porta grande de madeira uma atrás da outra deixando no quarto um homem forte mas que naquele momento precisava ser frágil e um forte velhinho que naquele momento continuava forte!
Uma certeza é que a menininha nunca esqueceu a primeira vez que viu seu pai chorar!
Camilla N.
Milla amei, conseguiu arrancar do meus olhos lágrimas de recordações! Lyk
ResponderExcluirSeu pai me falou do texto e eu vim aqui conferir... Vc está cada dia mais genial! Admiro muito vc.
ResponderExcluirAdooorooo!!!
oun tia Macária! vc é tão gentil quanto meu pai babão! rsrsrs
ResponderExcluirmuitissimo obg!
=*