Sinto saudades do vento,
daquele que batia no meu rosto quando estava dentro do carro branco,
do vento que carregava consigo o cheiro de mato,
do cheiro da chuva que provocava
o agradável cheiro de terra molhada.
Sinto saudade das pessoas,
as que eu conheci e amei,
as que me amaram também,
aquelas que senti saudades um dia,
daquelas pessoas que não consegui me despedir direito,
daquelas que passaram na calçada oposta
e só vi de vislumbre.
Sinto saudades de casa,
do cheiro bom de bolo de chocolate,
do beijo de bom dia acordando pra ir pro colégio,
do frio matinal esquentado pelo casaco,
da minha bolsa de rodinha onde tinha apenas um ou dois livros,
das tentativas de ficar mais tempo na cama.
Do meu cachorrinho que me amou do jeito que só os cachorros sabem,
De esconder a minha gata embaixo das cobertas.
Sinto saudade do que tive e do que gostaria de ter tido,
da minha infância enlameada no quintal,
sinto falta de quem me deixou,
e de quem eu deixei.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...