segunda-feira, 25 de outubro de 2010

pedaço de lua

  Era noite de lua cheia. E um grande queijo estava a iluminar o céu.
"Será que se ficasse na ponta dos pés e esticasse bem os braços, conseguiria pegar um pedaço do enorme queijo e prová-lo?" Pensava a menininha sentada no balanço que seu pai passara o dia construindo. "Talvez se subisse no balanço e ficasse na ponta dos pés e esticasse bem os braços, talvez assim conseguiria pegá-la. Ou talvez precisasse apenas subir na árvore, mas mesmo assim precisaria esticar os braços e ficar na ponta dos pés." Continuava perdida em pensamentos, a menininha com vontade de provar do grande queijo que pairava em cima de sua cabecinha de vento.
 - Sofia, o jantar já está pronto! - gritou sua mãe de dentro da cozinha.
Quando Sofia olhou para se prato... Uma surpresa! Lá estava um pedaço de um lindo e delicioso queijo celeste.
Por fim pensou: "No fim das contas só precisava ter pedido aos meus pais, eles conseguiriam alcançá-lo pra mim, eles sempre conseguem!"
Camilla N.

Saudade

Sinto saudades do vento,
daquele que batia no meu rosto quando estava dentro do carro branco,
do vento que carregava consigo o cheiro de mato,
do cheiro da chuva que provocava
o agradável cheiro de terra molhada.

Sinto saudade das pessoas,
as que eu conheci e amei,
as que me amaram também,
aquelas que senti saudades um dia,
daquelas pessoas que não consegui me despedir direito,
daquelas que passaram na calçada oposta 
e só vi de vislumbre.

Sinto saudades de casa,
do cheiro bom de bolo de chocolate,
do beijo de bom dia acordando pra ir pro colégio,
do frio matinal esquentado pelo casaco,
da minha bolsa de rodinha onde tinha apenas um ou dois livros,
das tentativas de ficar mais tempo na cama.

Do meu cachorrinho que me amou do jeito que só os cachorros sabem,
De esconder a minha gata embaixo das cobertas.
Sinto saudade do que tive e do que gostaria de ter tido,
da minha infância enlameada no quintal,
sinto falta de quem me deixou,
e de quem eu deixei.


E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos

e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

 Camilla N.

domingo, 24 de outubro de 2010

Momento Mafalda!


Desejo

Desejo a vocês...
Fruto do mato. Cheiro de jardim. Namoro no portão. Domingo sem chuva. Segunda sem mau humor. Sábado com seu amor. Filme do Carlitos. Chope com amigos. Crônica de Rubem Braga. Viver sem inimigos. Filme antigo na TV. Ter uma pessoa especial. E que ela goste de você. Música de Tom com letra de Chico. Frango caipira em pensão do interior. Ouvir uma palavra amável. Ter uma surpresa agradável. Ver a Banda passar. Noite de lua cheia. Rever uma velha amizade. Ter fé em Deus. Não ter que ouvir a palavra não. Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança. Ouvir canto de passarinho. Sarar de resfriado. Escrever um poema de Amor. Que nunca será rasgado. Formar um par ideal. Tomar banho de cachoeira. Pegar um bronzeado legal. Aprender um nova canção. Esperar alguém na estação Queijo com goiabada. Pôr-do-Sol na roça. Uma festa. Um violão. Uma seresta. Recordar um amor antigo. Ter um ombro sempre amigo. Bater palmas de alegria. Uma tarde amena. Calçar um velho chinelo. Sentar numa velha poltrona. Tocar violão para alguém. Ouvir a chuva no telhado. Vinho branco. Bolero de Ravel.
E muito carinho meu.
[Carlos Drummond de Andrade]

Momento peanuts!

sábado, 23 de outubro de 2010

Por que?


Por que sair e não voltar? Por que sorrir com vontade de chorar? Por que se preocupar? Por que correr e não parar? Pra que estacionar? Por que viver sem se arriscar? Por que dormir se não sonhar? Pra que se lamentar? Por que amar sem se entregar? Por que não se deixar apaixonar? Por que beijar sem estalar? Pra que abraçar sem apertar? Por que viver se não amar? Por que esquecer se quer lembrar? Pra que fugir se quer ficar? Por que cantar sem males pra espantar? Por que perder se é melhor ganhar? Por que limpar sem se sujar? Por que correr e não cansar? Por quer subir e não cair? Por que viver e não curtir? Por que arriscar sem se perder? Por que errar e não se desculpar? Por que sobremesa sem jantar? Por que filme sem pipoca? Por que a pipoca sem a coca? Pra que amigos sem sorrisos? Por que ensinamentos sem os pais? Por que a guerra se queremos paz? Por que calar e não falar? Por que manter os pés no chão se seu desejo é voar? Pra que saber sem perguntar?? 
Camilla N.
- Este seu muro de pedras está sendo sua nova terapia, Linus. 
Toda vez que estiver com um problema você pode vir aqui e colocar mais uma pedra.
-Não têm tantas pedras assim no mundo, Charlie.

Linus van Pelt e Charlie Brown

                - Peanuts

As responsáveis por me fazer sorrir!

  Junte suas melhores amigas, leve-as pra passear, tomar sorvete, assistir filme, fazer compras, ou apenas pra passar o tempo. Com certeza elas farão do mais simples programa o melhor e o mais animado que já participou.
  Elas não deixarão seu aniversário passar sem ser festejado, nunca deixarão você se sentir sozinha, e quando estiver triste elas contarão as piadas mais idiotas possíveis pra te fazer sorrir (e o melhor é que isso funciona), farão das aulas de química mais legais com seus comentários sobre o professor chato, cantarão com você as músicas mais antigas que existem e caminharão de braços dados em qualquer lugar em que estejam, interditando a  passagem de quem vem do lado oposto. Serão responsáveis pelos sorrisos mais escandalosos, pelos abraços mais apertados, beijos mais estalados, pelos melhores conselhos ou pelo menos pelas melhores tentativas! 
  Quando uma lágrima ousar sair dos seus olhos elas já estarão com as mãos no seu rosto para enxugá-la, e quando tropeçar elas não deixarão você cair no chão, simplesmente porque vocês sempre andam de braços dados, não é mesmo? 
  E se algum dia você conseguir encontrar amigas como as minhas, que te amam e te fazem feliz, mesmo que o destino e o tempo se encarreguem de levá-las pra longe, pode ter certeza que você é a pessoa mais sortuda do mundo, pois é muito mais fácil ganhar na loteria do que encontrar pessoas que pelo menos se assemelhem as minhas melhores amigas! 
Camilla N.
Para todas as minhas amigas (elas sabem quem são)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

belle

Nascemos, crescemos, envelhecemos e morrendo, assim se divide a vida, mas nesse meio tempo entre o nascimento e a morte, sempre nos dedicamos à nossa beleza e vaidade. Queremos arrancar olhares dos passantes e desequilibrar os motociclistas, desejamos fazer parte dos pensamento e ilusões de alguém especial, ou simplesmente está em meio aos elogios de alguma rodinha de amigos. 
Mostrar pro mundo a obra de arte que Deus criou.
Elevar nossa auto-estima, ser posta em uma moldura, ser desejada e admirada, mas no fim das contas nada disso foi o principal, porque vai haver momentos em que você vai rir tanto, mas tanto, que vai esquecer de se estressar com sua aparência.Estranhamente, essas horas são as horas em que o carinha de quem você gosta nota você. 
Sim, você é bonita!
Camilla   N.
[pequena colaboração de Meg Cabot]

Meu aniversário

Eu não posso entender
Essa vida tão injusta
Não vou fingir que já parou de doer
Mas um dia isso vai se acabar


Eu não consigo me convencer
Que essa vida não foi injusta
Tanta falta me faz você
Queria ter você lá em casa

Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Como é seu
O meu aniversário


[Nando Reis]

"Se me queres, queira me inteira. Não por zonas de luz ou sombras. Se me queres, queira-me negra e branca, E cinza, e verde, e ruiva, e morena... Queira-me dia, queira-me noite... E madrugada de janela aberta!... Se me queres, não me recortes: Queira-me toda...Ou não me queiras...” 
(Dulce María)

O que é o amor?

'...o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.
...acho que isso é amor '
Peanuts, 1999

Chuva.

  As nuvens se escurecem no céu, o vento fica mais fresco e as pessoas correm pra procurar um lugar seguro pra ficar e dentro de poucos instantes começa a chover.
  O cheirinho de terra molhada se estende pelo ar, e parece que toda a sujeira do mundo é limpada pela chuva [apenas parece], dá vontade de se esconder debaixo das cobertas, assistir um filme romântico com um balde de pipoca a seu lado, e se possível um cara legal também, dá vontade de ouvir as histórias da sua avó, dá vontade de comer brigadeiro de panela, de jogar baralho, ou de simplesmente parar e admirá-la.
  A chuva é sempre muito bonita de se ver ainda mais quando você está no sítio do seu avô com um gramado incrivelmente verde e árvores de todos os tipos servindo de moldura para as gotinhas que caem do céu. Fica quase irresistível não sair de debaixo do telhado e correr pra transformar o céu em seu abrigo. 
  E então, seus irmãos, primos, amigos vão também querer banhar na chuva, e todos vocês descobrem juntos que aquele pode ser um excelente parque de diversões. Pular poças de água, brincar de pega pega, vê quem se suja menos ou mais! Sua mãe vai ficar muito irritada a princípio, vendo a quantidade de roupa suja que terá que lavar, mas ao ver todos correndo, abrindo os braços, rindo ela vai acabar se rendendo e vagarosamente um sorriso se abre dos seu lábios enquanto vê a felicidade que se aglomera debaixo da chuva.
  Mas, depois de um tempinho, as gotas vão caindo cada vez mais lentamente e os pés enlameados voltam pra a varanda de casa, depois de lavados e vestidos, todos que desfrutaram da chuva de verão estão agora embrulhados em cobertas e tremendo de frio.
  E só resta a lembrança e a esperança de que a próxima chuva não demore a cair.
Camilla N.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Há momentos.

  
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante

é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.


Clarice Lispector

A rosa

  A bela jovem de cabelo loiro preso delicadamente  em um coque meio desalinhado, vestindo seu longo e deslumbrante vestido de festa está sentada em uma mesa onde sua única companhia são três cadeiras vazias. Seus dedos percorrem suavemente os contornos da enorme taça de vidro cheia de refrigerante posta a sua frente.
  As pessoas a sua volta parecem estar se divertindo muito, casais dançam agarrados um ao outro no meio do salão, risadas podem ser ouvidas, e se, além dela, tiver alguém sentado sozinho em uma mesa ou é porque está tomando o ultimo gole de sua cerveja pra voltar a dançar ou é porque parou pra arrumar o sapato. Todos estão alheios à decepção que ronda a mesa do canto do salão.
  A menina de cabelo loiro e vestido deslumbrante, perdida em pensamentos se pergunta onde ele estaria naquele momento. Pode ser que o pai dele ficou doente e ele teve que levá-lo ao hospital, ou talvez fosse ele quem estava doente ou, a pior de todas as hipóteses, ele achou melhor procurar outra garota pra se divertir e a essa hora ele provavelmente estaria na porta da casa de alguém mais bonita e interessante. Maldita a hora que ela o encontrou e maldito coração que resolveu bater mais forte justamente nesse instante.
  Mas, seus pensamentos se dissipam quando na porta do salão surge o rapaz mais lindo que já vira em seus poucos anos de vida e seu coração começa a disparar novamente.
  O cabelo dele está penteado pra trás e algumas mechas estão fora do seu devido lugar, o smoking  que está usando contorna perfeitamente suas curvas másculas e em uma das mãos, encostada um pouco acima da barriga, está uma rosa...
  Uma rosa que mancha de vermelho vivo a camisa perfeitamente branca de quem a carrega. Uma única rosa, pendida sobre o peito, solitária, assim como a moça que a admira. Uma rosa vermelha que provavelmente fora arrancada com muito cuidado do seu buquê original.
  O  rapaz se aproxima e a rosa não está mais junto a seu peito mas,  estendida  a uma palma de distância da garota solitária. Ela pega a rosa com carinho, sente a textura macia de suas pétalas e seu perfume suave, por fim deixa-a sobre a mesa. Pega a mão do rapaz e este a conduz para o centro do salão onde se juntam aos outros casais apaixonados.
  A rosa, por sua vez, vai murchando sorridente. Orgulhosa por ter feito alguém feliz.
Camilla N.

Be happy!

  O que é felicidade? Onde ela se esconde? Perguntas que sempre fazemos quando lágrimas impiedosas teimam em sair dos nossos olhos.
  E de tanto fazer tais perguntas descobri que a felicidade não tem um conceito universal nem um esconderijo previamente determinado. Ela pode estar em muitos lugares ou em lugar nenhum, cabe a nós enxergá-la e deixar as portas abertas para que ela possa entrar.
  Às vezes ela mesmo se convida e entra sem bater na porta. Arranca da gente todas as ervas daninhas que sufocam nossos corações e provocam aquela imensa vontade de se enfiar numa cama e chorar até faltarem as lágrimas e até você se sentir cansado demais pra ser feliz.
  Mas, finalmente, você abre os olhos, sai do quarto, olha pro céu e percebe que ele não deixou de ser belo pra acompanhar seu sofrimento. Os pássaros continuam cantando, as borboletas ainda estão voando e do seu lado há uma irmã mais nova com os braços estendidos, prontos pra dar um abraço apertado. Da cozinha exala um cheiro delicioso de pão de queijo e café recém preparados por sua mãe, o pai olha o horizonte sentado na varanda da casa esperando a comida ficar realmente pronta.
E enquanto você e sua família saboreiam a deliciosa refeição, você se dá conta de que sempre teve muitos motivos pra SER FELIZ!
Camilla N.

Lembrança

Lembro-me como se fosse ontem a primeira vez que vi meu pai chorar!
     Meu pai sempre machista e durão, que sempre dizia que homem não chorava, me mostrou pela primeira vez gotinhas salgadas brotarem dos seus olhos um choro másculo e silencioso.
     Eu tinha apenas 8 ou 9 anos de idade e não sabia exatamente o que estava acontecendo ao meu redor, tava tudo muito tumultuado. Pessoas entravam e saiam da casa da minha avó que era bem em frente a nossa! E por algum motivo que eu não sabia qual meu avô ficava o tempo todo deitado na cama com um tubo imenso e verde ao seu lado!
Mas em meio a tudo isso existe uma cena que me marcou de uma maneira muito especial...
Chamaram eu e minha irmã para irmos até o quarto onde vovô estava e sem entender muito entramos! a partir daí diversas emoções tomaram conta da cena. Parecia um quadro perfeito, onde havia muito movimento mas nenhum som ousava intrometer-se na pintura!
Deixe-me descrever o quadro: No centro há um velhinho magro, dos cabelos brancos e ossos a mostra em cima de uma cama de casal e com uma das mãos acariciam com carinho e pouca destreza a cabeça de duas crianças que não entendem o que está acontecendo, ele tem a boca aberta como se quisesse falar alguma coisa mas dela não sai nenhum som. Do outro lado da cama há um enorme balão de oxigênio que está ligado por tubos transparentes ao nariz do velhinho de olhos gentis e boca entreaberta.
E, finalmente, do lado do balão de oxigênio, existe um homenzinho robusto sentado em uma cadeira com o rosto escondido entre as mãos e que chora um choro silencioso e desesperado, sua tristeza é captada pela menininha maior que no momento acaba de receber o afago do doce velhinho do outro lado da cama!
Essa menininha olha para o pai com olhos arregalados e deixa cair o queixo lentamente para não espantar a harmonia dolorosa que esta acontecendo!
O observador poderia muito bem imaginar que a menininha queria incontrolavelmente correr em direção ao pai e dar-lhe um beijo, tentar cessar aquele choro que teimava em ser chorado.
Mas, não. Ela não fez nada disso. O hábil pintor apenas pinta as duas garotinhas saindo pela porta grande de madeira uma atrás da outra deixando no quarto um homem forte mas que naquele momento precisava ser frágil e um forte velhinho que naquele momento continuava forte!
Uma certeza é que a menininha nunca esqueceu a primeira vez que viu seu pai chorar!
Camilla N.

14 anos.

 No dia 08 de maio de 2010 alguém me perguntou como é ter catorze anos. A princípio não dei muita importância, pensei que fosse mais uma pergunta para mais um ano de vida. Mas, pensando melhor descobri que em um ano de vida muita coisa acontece e muita coisa muda dentro da gente.
     Vejamos... Ao completar catorze anos pude ver e sentir com um simples abraço quantas pessoas eu tive a sorte de conquistar em um ano de existência e conheci muita gente também com um abraço, seguido de um caloroso ou tímido: "Feliz Aniversário"
     Aos catorze anos percebi que já sou uma mocinha e diferente de quando tinha cinco anos meus pais não me acordaram as cinco horas da manhã cantando um alegre "parabéns pra você" e um embrulho enorme a tira colo. Mas, unicamente nesse dia pude chorar com eles ao telefone e sentir profundamente todo o amor que eles nutriram por mim.
    Com catorze anos eu abro os olhos e vejo que estou no Ensino Médio, o que é algo muito louco simplesmente por ser o ENSINO MÉDIO! O que significa mais matemáticas e químicas para estudar, um professor de filosofia maluco e um de história mais louco ainda! E se torna quase impossível você não se deixar levar por toda essa enxurrada de maluquice. Por isso aos catorze anos eu me permito endoidecer de vez em quando, contar piadas sem graça e morrer de rir, sonhar em conhecer Roma. Tudo isso deve fazer bem a saúde.
      Com catorze anos me sinto mais dona de mim, mesmo que esse não seja um desejo que eu tenha. E tendo se passado catorze anos olho pra trás e vejo todas as coisas que fiz e que deixei de fazer, todas as lágrimas derramadas e enxugadas, os sorrisos descontrolados, as corridas apostadas, os abraços apertados, as festas que não fui, os biscoitos que não comi, o adeus que não foi dado, amigos conquistados e os outros que se foram, chocolates divididos.
       Enfim, tudo isso passou e aqui estou eu, já posso usar maquilagem e salto alto, estou no ensino médio, sou louca de vez em quando, sonho com um príncipe encantado montado em seu carro esporte, tenho algumas pretensões para o futuro, meus pais estão a novecentos quilômetros de mim. Tenho catorze anos e muitas vezes tenho uma enorme vontade de voltar a ter cinco.
Camilla N.
Para : Joyce Leal! S2

Lembrete...

O nascimento é o primeiro capitulo de um longo livro com páginas em branco, no qual você tem que escrever todos os dias. Você não terá nenhuma borracha a seu alcance, e por mais que queira não pode mudar o que já foi escrito. Algumas pessoas vão esperar ansiosamente para ler os próximos capítulos, outras vão querer que a história termine do pior jeito possível, haverá pessoas que farão dos seus dias os mais felizes, ou compartilhará com você as lágrimas que irá derramar. Terá gente que gostará de você com toda a força e você também as amará muito, outras que você não “irá muito com a cara”, mas que podem deixar sua história com mais emoção (e você achando que essa pessoa não devia ter nascido né?). Nesse livro haverá, alegrias estonteantes, aventuras emocionantes, loucuras incompreensíveis, amigos inesquecíveis, vitórias merecidas, sorrisos cativantes, lagrimas contagiantes, derrotas que nos dá força, despedidas, reencontros, quedas de bicicleta, romances, e tudo o que estiver disposto a enfrentar. O importante é que você faça de cada capítulo o mais emocionante possível. E quando as páginas do seu livro terminarem terá uma história incrível que foi encenada por uma pessoa maravilhosa que fez de tudo para deixar no seu livro o melhor que podia. Algumas pessoas vão ler e guardar essa história para sempre em suas cabeças, outras podem até esquecer o que leram, mas com certeza não esquecerão dos ensinamentos incríveis que você teve o prazer de lhes ensinar!  
Camilla N.

O tempo dos "sem tempo"

Sofia é mais uma típica moradora do planeta Terrae como tal, tem dias corridos e estressantes. O despertador grita às cinco e meia da manhã avisando que é hora de acordar. A partir de então, começa a correria.
Arruma-se rapidamente, e mesmo assim, não dá tempo de tomar o café da manhã, contenta-se apenas com um copo de suco. Não é a toa que esteja tão magra. Ao chegar percebe que está sem as chaves. Mais uma artimanha pregada pela pressa.
Finalmente, sai de casa. Sua felicidade se dissipa quando chega à rua principal e avista uma imensidão de carros a sua frente. Buzinas são acionadas freneticamente, deixando qualquer um maluco. Algumas pessoas mais impacientes, corajosas e apressadas direcionam seu carros para cima das calçadas ou cruzam o sinal fechado. E assim, devido à pressa, as pessoas vão vivendo só para si.
Sofia consegue sair do caos do engarrafamento. Chega ao trabalho  alguns minutos atrasada. Enquanto traça o caminho até a sala de reunião, "bom-dias" são ditos alegremente, nenhum recebe resposta, nem sequer um sorriso.
Chega à reunião cinco minutos atrasada e por isso não consegue a tão desejada promoção.
O dia segue normal e tedioso. O mesmo trabalho de sempre, os relatórios a serem preenchidos parecem todos iguais, nenhuma história divertida para contar e nenhum amigo para contar-lhe alguma coisa.
A lua chega ao céu convidando-lhe a voltar pra casa, mas demora algum tempo para que o convite seja atendido. Chegando em casa, come alguma coisa achada na geladeira, enquanto assiste à televisão. Ainda fica um tempo acordada arrumando os últimos relatórios do trabalho. 
Ao deitar-se na cama, dorme imediatamente. Principia a sonhar quando alguma coisa grita avisando que é hora de começar tudo outra vez.
Camilla N.