Um belo dia você se machuca, você cai de moto ou de uma árvore, de algum jeito você se machuca e o dia passa a não ser mais tão belo. A ferida foi feia, você profere "ais" escandalosos e doídos, os olhos ficam um pouco marejados, você agarra sua perna como se aquilo fosse um jeito de camuflar a dor. Durante algum tempo essa é a cena que as pessoas a sua volta verão.
Seus amigos, vão tentar te acalmar, trarão água pra conter os soluços, te abraçarão, dirão que vai ficar tudo bem e te oferecerão merthiolate e finalmente a ferida vai começar a cicatrizar. Ela vai continuar marcando sua perna, mas não dói como antes e você já conseguirá andar normalmente.
O problema é que sempre haverá os malvados, os bichos-papões, as bruxas que tocarão na ferida recém- coagulada. Eles pegarão a sua perna sem nenhuma dó, e vagarosamente vão descascando a ferida, arrancam as bordas, e você se segura ao máximo pra não deixar seus olhos transparecerem o quanto dói. E o bicho-papão vai continuar descascando a ferida até chegar ao local onde o coágulo se prende mais firmemente ao músculo, e quando a capinha da sua ferida estiver presa, apenas, a essa fino cordão de pele, que é a parte que mais dói, o malvado vai arrancar com a maior brutalidade, e nesse mesmo momento uma lágrima também se desprenderá do olhar.
É nessas horas que você vê o bicho-papão que você tanto temia quando criança materializado na sua frente com toda a monstruosidade e agressividade que lhe foram atribuídas. E a ferida volta a latejar,volta a incomodar, e você começa a mancar de novo!
Acontece que depois disso, os mesmos amigos que te ajudaram quando você caiu, vão te ajudar mais uma vez, e dirão que vai ficar tudo bem... E ficará mesmo, porque o bicho-papão sempre se esconde debaixo da cama e só poderá causar grandes prejuízos se não tiver o merthiolate dos seus amigos por perto!
Camilla N.
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